Opinião

Narrativas desconstruídas tentam associar vice-governadora a possíveis irregularidades

Não foram blogs ou sites de bastidores que reacenderam as informações sobre suposta intervenção da vice-governadora Priscila Krause em pagamentos para a Casa de Saúde Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Garanhuns, clínica ligada aos seus sogros. A faísca partiu do Deputado de oposição Rodrigo Farias (PSB), durante sessão plenária da ALEPE, que fragilizado por falta de capilaridade para dar continuidade à CPI da Publicidade, passou a buscar outros caminhos de desgaste ao governo Raquel Lyra.

O parlamentar tenta reaquecer um episódio já conhecido: quando Priscila assumiu o Executivo interinamente, em março de 2025, foram efetuados pagamentos do Fundo de Saúde para a clínica. Mas há uma pergunta que precisa ser feita, e respondida com base na rotina administrativa do Estado: governador ou vice assina empenho de pagamento? Ou não é função dos Secretários das pastas, junto com os ordenadores de despesa, autorizar e validar cada etapa, inclusive pagamentos do Fundo de Saúde?

Se os procedimentos são técnicos e as assinaturas cabem aos gestores da área, qual é, de fato, a relação direta da Vice-Governadora com o processo? Imposição na agilidade dos pagamentos? Quem conhece bem Priscila Krause sabe que essa não é a postura dela, que mesmo interinamente como governadora em exercício sequer despacha do Palácio, a não ser para receber autoridades agendadas.

O deputado não apresentou documentos que indiquem interferência de Priscila Krause no fluxo de pagamentos da Secretaria de Saúde, apenas a coincidência de ela estar no cargo de Governadora, interinamente.

A tentativa de criar um elo político se enfraquece ainda mais diante da cronologia. Sites de fofocas associam a polêmica à saída do então secretário da Fazenda, Wilson de Paula, mas o pedido de exoneração só ocorreu seis meses depois do suposto episódio. Se houvesse indícios de interferência ou irregularidades, não seria natural uma reação imediata, seja com denúncia, afastamento ou, ao menos, sinalização de crise A própria saída de Wilson de Paula já foi explicada publicamente ao longo de sua trajetória no governo: cansaço, motivado pelas rotinas de viagens.

Quanto à troca na Controladoria-Geral do Estado, especula-se que a governadora já vinha cobrando uma atuação mais rígida da ex-secretária, Erika Lacet, em auditorias e menos presença em eventos, o que pode ter levado à troca de comando, mas não há qualquer ligação oficial com os pagamentos em Garanhuns.

Diante desse cenário, fica a pergunta que ecoa além da disputa política: a oposição cumpre seu papel fiscalizador ou aposta em requentar fatos antigos para criar ruído e fragilizar a gestão? Em tempos de redes sociais e manchetes rápidas, narrativas frágeis podem até gerar cliques, mas não resistem a uma análise mínima de responsabilidade administrativa e cronológica. Afinal, o próprio Tribunal de Contas do Estado, órgão fiscalizador das contas públicas está aí para ratificar ou desabonar quaisquer tipos de irregularidades. Cabe também ao deputado Rodrigo Fatias apresentar as denúncias feitas sobre o caso, se é que existem.

Marcus Oliveira

Marcus Oliveira

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