Confesso que não consigo entender por que algumas pessoas ficaram tão surpresas com a filiação do prefeito de Camaragibe, Diego Cabral, ao PSD da governadora Raquel Lyra. Sinceramente, surpresa nenhuma.
Recentemente, inclusive, já havia publicado que o caminho de Diego rumo aos braços definitivos da governadora era apenas uma questão de tempo. Afinal, foi ou não Raquel Lyra quem deu um verdadeiro upgrade numa gestão falida que ele herdou das mãos da ex-prefeita Dra. Nadegi Queiroz?
Agora, surgem os discursos inflamados dizendo que Diego “traiu” o prefeito do Recife, João Campos, ao deixar o Republicanos de Sílvio Costa Filho, um dos principais entusiastas da suposta candidatura de João ao Governo do Estado. Suposta, sim. Porque, apesar de João Campos já estar em plena pré-campanha subliminar, desfilando pelos municípios do interior como quem não quer nada, ele ainda não assumiu oficialmente a disputa contra Raquel Lyra.
Enquanto isso, a governadora segue fazendo política de forma explícita e objetiva, dando demonstrações claras de poder ao atrair para sua base prefeitos estratégicos da Região Metropolitana do Recife. E isso, gostem ou não, tem peso político.
Voltando a Diego Cabral, rotulá-lo como “traidor” pela saída do Republicanos e entrada no PSD soa, no mínimo, ingênuo. Essa movimentação já estava desenhada há bastante tempo. Foi apenas mais uma jogada de mestre daquela que jura não estar em campanha e repete, com ar de desdém, que eleição é só no ano que vem.
Anotem aí mais uma profecia deste que vos fala. Diego Cabral pode até ter rompido com João Campos e com barganhas feitas num passado recente. Mas, em relação a Sílvio Costa Filho, com quem mantém uma relação quase visceral de irmandade política, o afastamento não aconteceu. Pelo contrário: essa manobra pode, inclusive, aproximar ainda mais o ministro de Lula da governadora Raquel Lyra.
E se isso acontecer, o que não é nada improvável, Diego não só se reaproxima do seu “padrinho” político como ainda ajuda a trazê-lo para a base da governadora. E aí teremos, mais uma vez, uma das cenas mais cômicas da política pernambucana: o ministro Sílvio Costa Filho, que até ontem tercia comentários tóxicos e ataques recorrentes à gestão de Raquel, passando a afirmar que Raquel é sem dúvidas a melhor escolha para Pernambuco.
Afinal, convenhamos: ultimamente, tudo o que Raquel Lyra toca, vira ouro.