Silvio Costa Filho e a politização dos Portos e Aeroportos: quando o cargo vira palanque

Nesta segunda (27), o Ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, o Prefeito do Recife, João Campos, e a Concessionária Aena, anunciaram um novo pacote de investimentos de R$ 640 milhões no Aeroporto Internacional do Recife/Guararapes, Gilberto Freyre, voltado à ampliação da área de cargas e à criação de um espaço intermodal. A informação foi divulgada pelo Blog do Alberes Xavier.

A notícia, que deveria marcar um avanço técnico e estratégico para o transporte aéreo em Pernambuco, escancara, mais uma vez, o uso político de agendas institucionais por parte do Ministro. É cada vez mais evidente que Silvio Costa Filho vem transformando o Ministério de Portos e Aeroportos em uma vitrine pessoal, multiplicando aparições públicas e discursos que extrapolam suas competências.

De inaugurações de parques municipais a visitas em cidades do interior que nada têm a ver com o setor portuário ou aeroportuário, Silvinho, como é chamado entre aliados, tem assumido um protagonismo que ultrapassa os limites da sua pasta, com discursos padronizados que soam mais como slogans de campanha do que como política pública:

“Vamos juntos construir um Pernambuco cada vez mais desenvolvido, ao lado do presidente Lula”. A frase se repete em Riacho das Almas, Canhotinho, Altinho, São José do Egito, São José da Baixa Verde e outros municípios, onde o Ministro atua em eventos que nada têm de técnicos e tudo de políticos.

Enquanto isso, a ingerência ministerial atinge novos níveis, como se viu na reunião que tratou dos investimentos no Aeroporto do Recife: o encontro contou com o Prefeito João Campos e representantes da Aena, mas sem a presença do Governo do Estado, que é parte diretamente interessada por políticas de desenvolvimento estadual.

A exclusão da representação estadual do anúncio não passou despercebida. Recentemente, ouve um embate público entre a governadora Raquel Lyra e o Ministro por causa da reforma do Aeroporto de Caruaru, onde Raquel afirmou que o governo federal realocou recursos que seriam destinados ao Aeroporto de Caruaru, forçando o estado a custear a obra com recursos próprios, o que foi amplamente desmentido por Silvinho.

“Não é verdade, porque esses recursos no orçamento são carimbados para ser destinados ao Aeroporto de Caruaru. Lamento profundamente o estado abrir mão de R$ 150 milhões de uma obra, para ter a paternidade ou maternidade dela. É uma decisão unilateral, mas que temos que respeitar, ela é a governadora”, rebateu Silvio Costa Filho, em tom de provocação.

O episódio ilustra bem a disputa de protagonismo entre o governo federal e o governo estadual, mas, mais do que isso, expõe a politização crescente das ações ministeriais. Um ministro que deveria se concentrar em melhorar a infraestrutura logística do país, passa a agir como articulador político e porta-voz de alianças locais, usando a máquina pública como instrumento de visibilidade.

A pergunta que fica é inevitável:👉 Silvio Costa Filho está à frente de um ministério ou de um projeto eleitoral antecipado?

Ao confundir função pública com promoção pessoal, o ministro contribui para desgastar a credibilidade do governo federal e fragilizar a autonomia dos entes federativos, especialmente quando suas ações geram atritos com administrações estaduais que deveriam ser parceiras.

No caso de Pernambuco, o Aeroporto pode até decolar com novos investimentos, mas a relação institucional parece seguir em turbulência constante, alimentada por vaidades, omissões e discursos que soam mais como palanque do que como política de Estado.