Em alusão à Semana Estadual da Pessoa com Deficiência, a historiadora, psicopedagoga e escritora, Rilda Veloso, pessoa com deficiência visual, usou a tribuna da Câmara Municipal de Camaragibe, na Casa Vicente Lacerda de Menezes, para cobrar atenção básica e efetiva às pessoas com deficiência no município.
Em um discurso marcado por emoção e crítica, Rilda iniciou falando de amor e questionando o simbolismo de ainda ser necessário criar uma semana específica para lembrar do respeito a esse público. “Colocam a gente ali, batem fotografias, botam nessas coisas de redes sociais e vão pra casa felizes achando que fizeram algo. Quem ama olha, quem ama cuida”, disparou.
A escritora também criticou a forma como pessoas com deficiência são tratadas em datas comemorativas: convidadas para cantar, dançar e recitar poesias, mas sem que se avance em políticas públicas concretas.
Outro ponto levantado foi a falta de comunicação inclusiva na própria Câmara Municipal, que não dispõe de práticas como a autodescrição, essencial para pessoas com deficiência visual, nem de intérprete de Libras em todas as sessões. “Camaragibe avançou na participação popular, mas ainda falha no básico”, afirmou.
A denúncia mais grave, segundo Rilda, diz respeito à Secretaria de Educação do município. Ela lamentou que a sede do órgão, que deveria ser exemplo de acessibilidade, ainda funcione em um prédio que impede o acesso de cadeirantes e idosos. “Como uma secretaria que deveria ser modelo, base, ainda tem uma estrutura lá em cima, sem acessibilidade? Camaragibe não merece uma secretaria onde não podemos chegar”, disse, solicitando a instalação de um elevador.
Na sessão, o presidente da Câmara, vereador Paulo André (PSB), destacou a importância da Lei 13.585/17, que institui a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla, ressaltando a necessidade de dar maior visibilidade ao tema.
Também participou o presidente da APAE Camaragibe, José Luciano de Arruda, que lembrou a relevância da instituição, mas acabou não conseguindo detalhar as competências da entidade. Seu discurso foi marcado mais pela citação de nomes do que pela apresentação de ações concretas da Associação de Pais e Amigos de Excepcionais.
As falas expuseram que, apesar de avanços pontuais na participação popular, a inclusão em Camaragibe ainda está longe de ser plena.
A Semana da Pessoa com Deficiência, em vez de ser apenas comemorativa, revelou desafios estruturais que continuam a impedir a efetiva cidadania das pessoas com deficiência no município.
