Servidores públicos comentam que a promessa de uma rede moderna, segura e capaz de integrar serviços essenciais em Pernambuco está longe da realidade. O PE Conectado, sistema corporativo de telemática do Governo do Estado, foi criado para prover serviços de telecomunicações que integrem dados, voz e imagem, reduzindo custos e facilitando a gestão pública em todo o território pernambucano. Na teoria, o pacote, que inclui soluções de segurança de redes, help-desk, videomonitoramento e comunicação VoIP sem custos de tráfego, deveria garantir eficiência, economia e conectividade plena para órgãos estaduais. Na prática, porém, a população e servidores convivem com falhas constantes, precariedade no atendimento e vulnerabilidades graves de segurança.
Técnicos que tiveram acesso aos bastidores da rede relatam um verdadeiro “show de horrores”. Sites corporativos com brechas para ataques hackers, links dedicados e redundantes inoperantes ou inexistentes, sistemas com risco de vazamento de informações sigilosas e dados de pessoas em situação de vulnerabilidade fazem parte de um cenário que ameaça não apenas a eficiência administrativa, mas também a segurança da informação do Estado. “Encontrei brechas que expunham dados sensíveis e facilitavam invasões. Era um prato cheio para criminosos digitais”, revelou um ex-servidor de uma Secretaria.
As constantes crises de instabilidade na conexão de internet da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Prevenção à Violência fez com que o então Secretário, Flávio Oliveira, contratasse um provedor particular e por conta própria, para que os trabalhos na Secretaria não fossem prejudicados.
Os impactos vão além da esfera técnica. Serviços essenciais, como o atendimento do PROCON, ficam frequentemente paralisados pela falta de internet. Consumidores relatam filas, protocolos interrompidos e a impossibilidade de registrar reclamações ou fiscalizações, evidenciando que o problema não é apenas de infraestrutura, mas de garantia de direitos básicos.
Enquanto o Governo exalta o PE Conectado como solução para a gestão pública, a realidade é de atrasos, invasões e colapso no atendimento ao cidadão. O avanço de ataques cibernéticos e a dependência crescente de sistemas digitais exigem não apenas investimentos, mas auditorias rigorosas e transparência nas ações.
Até lá, órgãos estaduais e, principalmente, a população, continuarão reféns de um sistema que promete modernidade, mas entrega instabilidade e riscos.