O que era para ser apenas uma “agenda” institucional virou uma espécie de prévia eleitoral improvisada no Sertão. João Campos (PSB), prefeito do Recife, desembarcou em Petrolina ao lado de Marília Arraes, pelo que tudo indica, pré-candidata ao Senado em 2026.
A visita, tratada como “cumprimento de agenda”, tem cara, cheiro e fala de palanque eleitoral. O curioso é que Campos, que enfrenta uma capital repleta de buracos, alagamentos e demandas represadas, encontra tempo e disposição para circular pelo interior em meio a uma suposta maratona administrativa, inclusive inaugurando voo Petrolina -Salvador, tudo a ver com Recife.
A presença do ex-prefeito sertanejo Miguel Coelho, também pré-candidato ao Senado, dá o tom do encontro: mais político que institucional. E para confundir ainda mais o eleitor, o ministro Silvio Costa Filho (Republicanos), que também sonha com uma vaga no Senado, acena positivamente para João Campos. Seria apoio, cortesia ou apenas convivência estratégica? Vai entender.
O que se sabe é que, na prática, temos uma capital que sofre com má gestão e um interior sendo disputado no grito antecipado de 2026. Campos quer voar mais alto, mas precisa explicar como fará isso sem deixar a cidade que governa afundar nos próprios problemas. Marília, que há pouco tempo travava uma batalha direta contra o primo, agora sorri ao lado de Campos – mais um indício de que, na política, o discurso muda ao sabor das conveniências.
E se o campo da esquerda está embaralhado, o da direita não está menos confuso. O PL de Pernambuco, partido de Jair Bolsonaro, parece anestesiado diante da prisão do ex-ministro Gilson Machado Neto. Até agora, nenhuma nota, nenhuma indignação pública. Ninguém sabe se é prisão preventiva, temporária ou apenas condução para interrogatório. Um silêncio que grita – e incomoda.
Com tantas contradições, alianças inusitadas e omissões convenientes, o cenário político pernambucano vai se desenhando como um jogo de xadrez em que todos querem ser rainha.
Ao eleitor, resta observar com atenção, porque entender, entender mesmo… vai ser difícil.