Opinião: Em Camaragibe, Diego Cabral esquece 2026 e se rende ao apoio de Raquel Lyra
Diego Cabral, prefeito eleito de Camaragibe, teve uma vitória marcada por estratégias políticas ousadas. Após aliar-se ao PSB e contar com o apoio de nomes de peso da oposição à governadora Raquel Lyra, como Miguel Coelho e Marília Arraes, ele demonstrou habilidade ao manobrar as forças políticas locais e regionais. Contudo, sua rápida aproximação com a governadora Raquel Lyra após as eleições, revela um pragmatismo típico de quem entende que administrar Camaragibe exigirá mais do que alianças ideológicas: será preciso recursos e apoio.
Não há como negar que Camaragibe precisa urgentemente de impulsionamento. Com uma receita limitada e problemas históricos de gestão, o município depende de parcerias estaduais e federais para alavancar investimentos e melhorar a qualidade de vida da população. Nesse sentido, Diego não está errado em buscar o diálogo com o governo estadual. Afinal, governar exige menos disputa política e mais capacidade de articulação. No entanto, esse movimento revela um traço importante da política: os abraços que garantem apoios durante a campanha não são eternos.
A vitória de Diego Cabral contou com o “empurrãozinho” do PSB, partido que já mostrou sua força ao projetar nomes de destaque em Pernambuco, como João Campos, por exemplo. Foi especialmente simbólico o apoio do Prefeito do Recife, que abriu mão de investir em um candidato “prata da casa”, como Ednaldo Moura, para apostar na candidatura de Diego. Essa articulação mostra que o PSB sabe jogar xadrez político como poucos, mas também não faz apostas sem esperar retornos.
E é exatamente aí que mora o desafio para o jovem prefeito. Os caciques socialistas não oferecem apoio sem contrapartidas, e a conta, cedo ou tarde, chega. Diego Cabral precisará equilibrar as demandas de quem o ajudou a vencer com as reais necessidades de Camaragibe. O município não pode se tornar refém de interesses partidários, e a população cobrará resultados concretos. Melhorar a infraestrutura, saúde, segurança e educação de Camaragibe será um teste de fogo para sua gestão.
Além disso, o eleitorado está mais atento do que nunca. A aproximação com Raquel Lyra, ainda que politicamente justificada, pode gerar desconfianças, especialmente entre os apoiadores de primeira hora que viam Diego como uma alternativa à governadora. Ele precisará ser transparente e mostrar que seus movimentos têm como objetivo único o progresso de Camaragibe, e não a satisfação de interesses políticos.
Em suma, Diego Cabral tem diante de si uma oportunidade única de transformar a realidade de Camaragibe, mas precisa estar ciente dos desafios que virão. Para além da pressão dos “caciques” que o ajudaram a chegar lá, terá que mostrar autonomia, competência e capacidade de gestão. O jogo político é volátil, e os mesmos aliados de hoje podem se tornar os críticos de amanhã. Se Diego não quiser que sua gestão seja lembrada apenas pelas alianças que construiu, terá que trabalhar duro para que os frutos dessas alianças cheguem à população de forma concreta e duradoura. Afinal, em política, o que pesa no final não são os abraços recebidos, mas os resultados entregues.
Em nota, a assessoria do Presidente do PSB, Deputado Sileno Guedes, informou que o Presidente ou o Partido não têm o hábito de comentar posições políticas de outro partido.
Veja o que informou a assessoria do Prefeito eleito Diego Cabral: “A gente nem sabe ainda quem serão os candidatos em 2026. Diego é prefeito e Raquel é governadora. Nada mais natural que uma boa relação institucional entre os dois”.
Por Marcus Oliveira
