*O Desrespeito dos Planos de Saúde e o Monopólio que Asfixia os Usuários*
Hoje, mais uma vez, idosos como eu nos vemos abandonados à própria sorte, vítimas de um sistema de saúde privado que prioriza o lucro acima da vida. O descredenciamento em massa de hospitais, clínicas, laboratórios e profissionais de saúde não é um acaso, mas parte de uma estratégia perversa de planos de saúde que operam como verdadeiros monopólios, impondo condições abusivas enquanto deixam a população refém de uma suposta “cobertura” que, na prática, é uma farsa.
Não é apenas um problema de má gestão ou de crise econômica – é um projeto de dominação. Poucas empresas controlam o mercado, sufocando a concorrência e ditando regras que inviabilizam o acesso digno à saúde. Enquanto os preços dos planos disparam, a qualidade despenca. Consultas são negadas, exames essenciais são protelados, e os profissionais qualificados são sistematicamente excluídos das redes credenciadas, deixando os pacientes, especialmente os idosos, à mercê de atendimentos precarizados.
O que estamos vivendo é um desmonte planejado. Os planos de saúde não cumprem seu papel social, mas o Estado, que deveria regulá-los com rigor, muitas vezes age com conivência, permitindo que essas empresas tratem a saúde como mercadoria e os usuários como números em um balanço financeiro. O resultado? Pessoas sofrendo em filas intermináveis, sendo obrigadas a pagar do próprio bolso por serviços que já custearam em mensalidades abusivas, ou pior, sendo obrigadas a abandonar tratamentos por falta de opção.
É urgente romper esse monopólio. Precisamos de mais fiscalização, de políticas públicas que garantam concorrência real no setor e, acima de tudo, de um sistema que penalize as operadoras que fraudam a confiança dos usuários. A saúde não pode ser um privilégio de poucos, nem um jogo de especulação financeira. Enquanto os planos de saúde lucram bilhões, nós, idosos e doentes, pagamos com nossa dignidade – e muitas vezes, com nossa vida.
Chega de silêncio. Eu estou de saco cheio!!! É hora de exigir respeito!
Por Raul Manhães de Castro
Médico, Professor Emérito da UFPE, Membro Titular do Comitê de Assessoramento de Nutrição e Saúde Coletiva do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, no período de 2023 a 2026