Opinião: A jogada de Lula pode fazer João Campos Governador e Raquel Lyra Vice-Presidente
De: Marcus Oliveira
maio 28, 2025
Muito se fala, e se especula, sobre o atual momento político do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Há quem o acuse de estar em declínio de popularidade, de ser guiado pela primeira-dama, ou até de já ter passado do seu prazo de validade política. No entanto, o que muitos subestimam, e não deveriam, é a habilidade estratégica de Lula em ler o tabuleiro político como poucos. Concorde-se ou não com seu projeto de poder, é impossível negar sua capacidade de articulação. E é justamente aí que entra uma possível jogada digna de mestre: matar dois coelhos com uma só cajadada.
O PSB, historicamente aliado, não quer largar o osso da vice-presidência. Com Geraldo Alckmin no posto e de olho em 2026, o partido já dá sinais de resistência a qualquer rearranjo. Mas Lula tem um trunfo nas mãos, e ele pode usá-lo com o pragmatismo de quem conhece como poucos os meandros da política brasileira. Ao acenar para o PSD da governadora Raquel Lyra, convidando-a para compor a chapa como sua vice, Lula pode abrir um caminho de volta ao poder para o PSB em Pernambuco, um acordo que, se bem costurado, pode satisfazer egos, garantir apoios e neutralizar ameaças.
A equação seria mais ou menos assim: o PSB entrega Alckmin, mas em troca retoma o protagonismo em seu berço político, Pernambuco, onde João Campos, apesar das denúncias e do desgaste, ainda detém trunfos eleitorais e lideranças importantes. O dilema, no entanto, é claro: o PSB aceitará ceder a vice-presidência em troca de poder regional? Ou insistirá em manter Alckmin no palanque nacional, mesmo que isso signifique perder influência onde sempre foi forte?
Mas a peça mais enigmática deste xadrez talvez seja a própria Raquel Lyra. Estaria a governadora disposta a aceitar o papel de coadjuvante em Brasília, trocando o comando de um estado por uma vice-presidência que, historicamente, tem mais simbologia do que efetividade? E mais: Raquel está preparada para os custos políticos de entregar Pernambuco ao PSB, partido ao qual tem se posicionado como oposição? Uma movimentação dessas poderia custar sua imagem de independência, rendendo-lhe o rótulo de traidora, um estigma difícil de apagar em terras tão passionais como as pernambucanas.
Há ainda a questão pessoal e de lealdade política. Priscila Krause, vice de Raquel e sua aliada de primeira hora, é lembrada como a amiga fiel e braço direito da gestão. Raquel estaria disposta a abandoná-la num jogo nacional? Ou manteria os pés no chão, mirando a reeleição e preservando sua base no estado?
Lula, como bom estrategista, sabe que não há lances sem risco. Mas também sabe que, em política, os maiores ganhos muitas vezes vêm das jogadas mais ousadas. Resta saber se Raquel aceitará o convite, se vier, e se o PSB estará disposto a engolir esse novo arranjo em nome de uma vitória maior.
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