Aquilo que parecia estar definido, já não está mais. Essa é a impressão que paira no ar político pernambucano após as recentes declarações do deputado federal Eduardo da Fonte ao Blog do Alberes Xavier. Ao afirmar que “a eleição é apenas em outubro de 2026” e que “até lá a prioridade é o trabalho e as entregas”, o parlamentar tenta adotar um tom de prudência, mas, no cenário atual, soa mais como uma estratégia de negação.
O fato é que a sucessão estadual e a disputa pelo Senado já começaram, e negar isso é subestimar a inteligência do eleitor e o ritmo real da política. A cada semana, articulações se intensificam, alianças se redesenham e o tabuleiro começa a se mover. Nesse jogo, quem demora a se posicionar corre o risco de ser engolido por quem entende que política é movimento, não espera.
Eduardo da Fonte sabe que sua posição é delicada. As pesquisas mais recentes mostram que sua eventual candidatura ao Senado seria arriscada, para não dizer temerária. Com índices pouco animadores, insistir nessa aposta poderia significar um tiro no pé, perder o mandato e não conquistar o novo cargo.
Enquanto isso, Miguel Coelho, presidente estadual do União Brasil, surge como um nome forte e competitivo. Jovem, articulado e com base consolidada no Sertão, Miguel combina carisma com presença política crescente. Os números o colocam em vantagem e, ao que tudo indica, ele está mais preparado para liderar uma chapa majoritária.
Se Eduardo da Fonte quiser preservar sua trajetória, o caminho mais inteligente seria apoiar Miguel e garantir sua reeleição à Câmara Federal. A aliança poderia fortalecer ambos: Miguel ganharia musculatura política e Eduardo manteria seu espaço em Brasília.
Mas, se o deputado realmente pretende disputar o Senado, é hora de jogar limpo e assumir publicamente que a campanha já começou. Essa narrativa de que “é tempo de entrega, não de eleição” soa ultrapassada, e, pior, desrespeita um eleitorado cada vez mais atento e exigente.
A aprovação da chamada PEC da Blindagem, que mexeu com os bastidores do Congresso e expôs posturas antes camufladas, mostrou que a política mudou. Transparência e coerência tornaram-se moedas valiosas.
No fim das contas, o discurso de neutralidade pode até parecer prudente, mas em política, quem hesita costuma perder o timing. E o eleitor pernambucano, cada vez mais informado, já percebeu: o jogo de 2026 começou, e quem disser o contrário está apenas tentando disfarçar a própria estratégia.