No aniversário de 65 anos do IMIP graves denúncias expõem supostas irregularidades na unidade de Salgueiro

No ano em que o Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP), celebra 65 anos de fundação, uma história marcada pela defesa da saúde como direito de todos, surgem denúncias alarmantes que abalam a reputação da unidade localizada em Salgueiro, no Sertão Central de Pernambuco. Pacientes em tratamento e servidores do Centro de Hemodiálise Professor Orlando Parahym, relatam uma série de abusos, negligências e condutas antiéticas dentro da instituição.

A reportagem do Correio de Notícias teve acesso a diversos depoimentos que descrevem um cenário preocupante, marcado por alimentação precária, assédio moral, pressão psicológica, desvio de finalidade de veículo institucional e condutas de favorecimento.

Uma das denúncias veio de um paciente em tratamento de hemodiálise, que pediu anonimato por temer represálias. Ele relata que nos últimos meses a alimentação fornecida durante o procedimento foi drasticamente reduzida em qualidade e quantidade. “A comida que é essencial para manter nossa estabilidade durante e após as seções tem sido servida de forma descuidada, sem critério nutricional, muitas vezes fria e insuficiente. Chega fria, sem nenhum cuidado”, relatou.

Ele ainda afirma que pacientes do primeiro turno são proibidos de usar o banheiro antes da chegada da enfermeira, mesmo em casos de urgência. “Em dias de chuva somos obrigados a esperar no lado de fora, sem abrigo, até que a equipe permita a entrada. Um desrespeito a nossa condição de saúde e dignidade”, desabafou.

Outro ponto crítico é o suposto uso irregular da ambulância da unidade, que estaria sendo utilizada pelo diretor para transportar papelão e bombonas, com fins pessoais e comerciais. Há relatos de que o material é vendido com pagamento antecipado, enquanto o veículo, que deveria estar disponível para emergências, fica indisponível.

O comportamento do diretor também é alvo de denúncias sérias: há relatos de assédio sexual e favorecimento dentro da unidade. Um dos casos mais citados é o da atual diretora do setor de Recursos Humanos, que teria ascendido de faxineira a chefe do setor, após envolvimento com o gestor, sem possuir qualificação adequada. “Ela tem postura prepotente, autoritária e humilha os demais funcionários, agindo com total apoio do diretor”.

Profissionais da enfermagem também relatam pressão psicológica e medo constante. Outro ponto alarmante é que, durante o intervalo de 1 hora dos técnicos de enfermagem, fica apenas um profissional responsável por até 8 ou mais pacientes, o que coloca nossa segurança em risco. “Já presenciamos casos em que, por falta de suporte, pacientes com intercorrências ficaram desassistidos ou com atendimento atrasado, gerando medo e sensação de abandono”.

O comportamento da coordenadora de enfermagem também é citado de forma recorrente. Funcionários e pacientes a descrevem como autoritária, grosseira e desrespeitosa. “O ambiente se tornou tóxico, e isso afeta diretamente a qualidade do cuidado”, afirma uma ex-técnica, que também relata ter sido vítima de assédio.

O QUE DIZEM OS ENVOLVIDOS

COREN-PE

O Conselho Regional de Enfermagem de Pernambuco (Coren-PE), confirmou que recebeu, em janeiro de 2025, uma denúncia formal sobre a unidade e que está conduzindo diligências no local. Segundo nota enviada ao Correio de Notícias, o processo segue em fase de apuração e um relatório será encaminhado às partes envolvidas. O Coren ressalta, ainda, que questões como estrutura física e alimentação, extrapolam sua competência e já foram repassadas a órgãos como a Agência de Vigilância Sanitária e aos sindicatos da categoria.

“O Coren-PE repudia veementemente qualquer ato de assédio ou violência contra profissionais da Enfermagem e age com rigor dentro dos limites da lei”, diz o comunicado.

IMIP

O IMIP, por sua vez, informou que está conduzindo uma apuração rigorosa dos fatos e que “adotará todas as medidas cabíveis”, reafirmando seu compromisso com a ética, transparência e qualidade da assistência prestada.

SINDICATO DOS ENFERMEIROS PE

A reportagem também tentou contato com o Sindicato dos Enfermeiros de Pernambuco, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.

Nota do editor: O Correio de Notícias reforça seu compromisso com a apuração dos fatos e continuará acompanhando de perto o desenrolar das investigações, oferecendo espaço para que todas as partes possam se manifestar. Qualquer nova denúncia ou posicionamento será incluído nas próximas atualizações.