Cidades

Hapvida é alvo de denúncia por extinguir triagem de enfermagem nas emergências; Coren-PE desmente proibição

Pacientes que chegam às emergências dos hospitais do grupo Hapvida, em Pernambuco, afirmam que não passam mais pela tradicional triagem realizada por enfermeiros, etapa fundamental para avaliar a gravidade clínica antes do atendimento médico. Segundo relatos, o fluxo mudou: agora o paciente apenas retira a senha e segue diretamente para a consulta, sem a Classificação de Risco feita por profissional de enfermagem.

A reportagem recebeu a denúncia de uma mãe que buscou atendimento para o filho de 1 ano e 9 meses. Mesmo sem febre diagnosticada, o médico teria prescrito uma dose de antitérmico e encaminhado a criança para a enfermaria como se houvesse autorização para administração do medicamento, embora não tivesse registrado que se tratava apenas de uma orientação para futura verificação. No setor de enfermagem, ao ser questionadas sobre a ausência da triagem, profissionais afirmaram que “o Coren havia proibido enfermeiros de realizar esse procedimento”.

Recebemos informações de que os hospitais teriam distribuído kits com termômetros e outros itens aos médicos, porém, segundo funcionários, nem todos fariam uso desses materiais durante a avaliação inicial.

Procurada, a assessoria de imprensa do Hapvida foi questionada sobre:

✔ a suposta proibição do Conselho Regional de Enfermagem;

✔ a distribuição de kits aos médicos;

✔ Os riscos da ausência de triagem. Até o fechamento desta reportagem, o grupo não enviou nota de esclarecimento.

Já o Conselho Regional de Enfermagem de Pernambuco – Coren-PE, nega proibição e reafirma obrigatoriedade da triagem por enfermeiros.

Veja Nota na íntegra:

“Diante da denúncia recebida sobre a ausência de triagem realizada por enfermeiros nas emergências dos hospitais do grupo Hapvida, o Conselho Regional de Enfermagem de Pernambuco (Coren-PE), esclarece que, conforme a Resolução COFEN nº 423/2012, a atividade de Classificação de Risco nos serviços de urgência e emergência deve ser realizada exclusivamente por enfermeiros, devidamente capacitados e seguindo protocolos definidos. Tal procedimento visa organizar o fluxo de pacientes e priorizar o atendimento conforme a gravidade clínica, reduzindo riscos e melhorando a qualidade da assistência.

De acordo com o manual “Acolhimento e classificação de risco nos serviços de urgência” do Ministério da Saúde, a Classificação de Risco deve ser realizada por profissional de saúde de Enfermagem de nível superior com competência reconhecida e amparo em protocolos estabelecidos. Observa-se, ainda, que é ilegal a substituição desse ato por técnicos de enfermagem ou outros profissionais sem habilitação específica para tal função, procedimento identificado em fiscalizações recentes do Coren-PE em algumas unidades hospitalares do plano de saúde em questão.

No que se refere à alegação de que o Coren-PE teria proibido a triagem de enfermeiros nas emergências, não existem resoluções ou regulamentações vigentes que sustentem tal afirmação. Ao contrário, a participação do enfermeiro neste processo é respaldada por toda a legislação da área. É importante ressaltar que a exclusão da Classificação de Risco realizada pelo enfermeiro pode acarretar em riscos sérios ao paciente, uma vez que compromete a identificação precoce de quadros graves e pode retardar o atendimento adequado.

O Coren-PE reforça a orientação para que usuários e profissionais denunciem a ausência ou irregularidade na realização da Classificação de Risco e salienta a importância de seguir fielmente a legislação para garantir a segurança do paciente e a qualidade da assistência prestada”.

Vale salientar que em agosto de 2025, o Departamento de Fiscalização do Conselho Regional de Medicina do Estado, constatou a ausência de Classificação de Risco no Hospital Mandacaru Hapvida Assistência Médica e cita a resolução do Conselho Federal de Medicina, que em seu Art. 2º Tornar obrigatória a implantação do Acolhimento com Classificação de Risco para atendimento dos pacientes nos Serviços Hospitalares de Urgência e Emergência.

Marcus Oliveira

Marcus Oliveira

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