Gestão João Campos paga 20 milhões a grupo proibido de ser contratado
- De: Marcus Oliveira
- maio 28, 2025

Uma denúncia envolvendo contratos milionários da Prefeitura do Recife com uma empresa ligada a um empresário investigado por corrupção, voltou a expor fragilidades na transparência pública, e, sobretudo, na cobertura jornalística dos principais canais de comunicação do estado e do país.
De acordo com informações do portal Metrópoles, o município comandado pelo prefeito João Campos (PSB), firmou contratos que somam R$20 milhões com a empresa MN Plásticos & TNT Ltda, ligada a Antônio Júnior, alvo da Operação Torrentes da Polícia Federal. A operação, deflagrada em 2017, investigou desvios de recursos federais destinados ao enfrentamento das chuvas que atingiram Pernambuco naquele ano.
Segundo o Ministério Público Federal, Antônio Júnior, proibido judicialmente de contratar com o poder público, teria usado o nome do sobrinho para manter-se ativo nas licitações públicas. A empresa em questão foi fundada poucos meses após a imposição da medida cautelar que o afastava dos contratos governamentais, o que levanta sérias suspeitas sobre a legalidade das contratações.
Ainda mais alarmante é o fato de que a maior parte da imprensa local e nacional tem evitado dar visibilidade ao caso, tratando o tema com superficialidade ou simplesmente ignorando-o. Em contraste, veículos independentes e portais digitais, como o Metrópoles e Correio de Notícias, têm trazido à tona os detalhes que ajudam a compreender a dimensão do escândalo.
Silêncio ensurdecedor da grande Mídia
Enquanto cidades do interior e lideranças comunitárias se mobilizam para denunciar a continuidade da corrupção travestida de legalidade, grandes canais de TV e jornais de renome permanecem em silêncio sobre os vínculos políticos e os métodos usados para burlar decisões judiciais.
A omissão jornalística diante de indícios tão graves compromete o direito da população à informação e fragiliza os mecanismos de controle social. Por trás do silêncio, pode haver uma mistura de interesses políticos, alinhamentos institucionais e conveniências comerciais, fatores que infelizmente contribuem para o apagamento de denúncias relevantes. Para muitos analistas, essa blindagem é preocupante em um cenário democrático já marcado por desigualdades no acesso à informação e pela concentração midiática.
Repercussão e danos à imagem de Recife
Apesar da falta de cobertura local, o caso ganhou projeção nacional graças ao Metrópoles, que revelou informações obtidas junto ao Ministério Público Federal. A reportagem destaca como a Prefeitura do Recife continuou contratando a empresa mesmo após os alertas e investigações federais, incluindo novos contratos em 2023 e agora em 2024, com a Secretaria de Ordem Pública e Segurança.
A repercussão nacional contrasta com o silêncio local e acende um alerta sobre a falta de fiscalização da imprensa tradicional no Nordeste. Recife, uma das capitais mais importantes do país, acaba sendo publicizada não pelos avanços sociais ou pela inovação administrativa, mas por escândalos de corrupção e negligência institucional.
Transparência e jornalismo independente como saída
Em tempos de ataques à democracia e desinformação, é urgente fortalecer os canais de comunicação que priorizam o interesse público. O caso dos contratos suspeitos em Recife mostra que, muitas vezes, somente a imprensa independente tem cumprido seu papel fiscalizador, enfrentando resistências políticas e a indiferença de grandes grupos midiáticos.
O cidadão recifense, pernambucano e brasileiro merece saber como estão sendo usados os recursos públicos. E merece, acima de tudo, uma imprensa comprometida com a verdade, mesmo quando ela incomoda.
Por Marcus Paulo