Declarações preconceituosas de vereador geram indignação em Salgueiro
- De: Marcus Oliveira
- junho 6, 2025

Durante sessão plenária na Câmara de Vereadores de Salgueiro, no Sertão Central de Pernambuco, o vereador Pitel Filho (MDB), presidente da Comissão de Saúde da Casa Legislativa, causou indignação ao questionar a necessidade de Atendimento Educacional Especializado (AEE), para crianças com deficiência nas escolas municipais. A fala, considerada “capacitista e violenta”, gerou forte repercussão e mobilização de representantes e defensores dos direitos das pessoas com deficiência.
“Se for desse jeito vai ter mais cuidador do que aluno. Está em tempo de fazer uma fiscalização para ver se esse pessoal está merecendo esses cuidadores. Será que esses laudos são verdadeiros? Tá esculhambado o negócio. Tem que dar uma analisada nisso aí”, declarou o vereador, ao se referir à atuação dos profissionais de apoio em sala de aula e à validade de laudos médicos apresentados por estudantes da rede pública.
As falas foram classificadas como “neportunas” pelo próprio parlamentar, que mais tarde veio a público por meio das redes sociais para se desculpar. Pitel afirmou ter cometido um grande equívoco e tentou esclarecer o teor de suas declarações, reforçando seu compromisso com a pauta da inclusão, mas reconhecendo não ter domínio sobre o assunto. O vídeo de retratação, no entanto, não apagou o impacto de suas palavras, que repercutiram fortemente entre ativistas e autoridades.
REPÚDIO NA ALEPE
Um dos primeiros a se posicionar foi o deputado estadual Gilmar Júnior (PV), presidente da Comissão de Defesa da Pessoa com Deficiência e Atipicidades da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). Em nota pública, o parlamentar expressou profundo repúdio às declarações de Pitel Filho.
“O que vimos foi uma fala desumana e cruel. A luta das famílias atípicas é diária, marcada por exclusões e dificuldades de acesso a direitos básicos. Ouvir de um representante público questionamentos sobre laudos médicos e sobre a presença de agentes de apoio em sala de aula é um golpe direto na dignidade dessas pessoas”, afirmou o deputado.
Gilmar ainda reforçou que a presença de profissionais de apoio educacional é um direito constitucional, assegurado para promover um ambiente escolar mais inclusivo e adaptado às necessidades dos alunos com deficiências.
Em nota a câmara destacou que sempre manteve o espaço aberto para a discussão dos assuntos relacionados, defendendo os direitos das crianças e adolescentes que necessitam de cuidados específicos.
NOTA DA CÂMARA DE SALGUEIRO
“Vale lembrar que muitas propostas voltadas às pessoas com necessidades especiais já foram apresentadas e aprovadas por unanimidade na Casa Epitácio Alencar.A câmara reforça seu compromisso com os estudantes neurodivergentes e seus familiares, a qual sempre deixou o espaço da tribuna aberto para as reivindicações da população. O Poder Legislativo também se coloca à disposição das mães de crianças atípicas, oferecendo total apoio em suas demandas referentes aos serviços públicos e privados do município”.