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Caso Beatriz: Advogado de estuprador é suspeito de crimes sexuais contra menor; documentos revelam denúncia feita pelo pai da vítima

No dia em que se completaram dez anos da morte de Beatriz Angélica Mota, o Correio de Notícias teve acesso exclusivo a documentos que mostram que o advogado Rafael Luiz Nunes, que atua na defesa do suspeito da morte de Beatriz, é investigado por suposto crimes sexuais contra uma adolescente de 13 anos, em Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife.

Os registros incluem boletim de ocorrência, Termo de Entrega do Conselho Tutelar, além da Notícia de Fato 02145.000.056/2020, instaurada pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE).

O caso ganhou novos contornos após o pai da vítima, Joel Santana Calado, decidir falar publicamente sobre o episódio e fornecer à reportagem documentos e relatos sobre o que ocorreu.

Relato do pai: “Ela me pediu socorro. Disse que não aguentava mais”

Joel Calado afirma que tomou conhecimento dos abusos, quando sua filha, então com 13 anos, foi entregue a ele pelo Conselho Tutelar de Prazeres.
Segundo ele, a adolescente revelou que vinha sofrendo abusos, cometidos pelo advogado Rafael Nunes, então companheiro da mãe, a também advogada, Raquel Tenório.
“Ela me disse que não suportava mais, que pensava em tirar a própria vida. Foi ela mesma quem conseguiu meu número e pediu socorro”, relatou o pai da menina, que hoje tem 18 anos.

Boletim de ocorrência detalha pagamentos, avanços íntimos e medo.

O Boletim de Ocorrência registrado à época traz detalhes dos episódios denunciados: Rafael Nunes pagava R$30 para que a adolescente fizesse “massagens” nele; De acordo com o documento, em algumas ocasiões, o advogado teria tentado tocar nas partes íntimas da menor; A vítima afirmou que só não sofreu investidas mais graves porque, em pelo menos um episódio, a mãe chegou em casa antes que o ato continuasse;

De acordo com relatos, a adolescente teria juntado R$ 2.300, pagos pelo suspeito, valor que, segundo o pai, permaneceu com a mãe e nunca foi devolvido;

A menor dizia ter medo de denunciar, porque Rafael “batia muito” no irmão dela, na época com quatro anos.

O boletim registra ainda que a mãe, Raquel Tenório, permitia que Rafael ficasse sozinho com as crianças e frequentemente chegava em casa de madrugada “quase sempre alcoolizada”, revela.

Documento do Conselho Tutelar confirma entrega da adolescente ao pai

O Termo de Entrega e Responsabilidade, de 29 de maio de 2020, expedido pela Regional 7 do Conselho Tutelar de Jaboatão, confirma que a adolescente foi retirada da residência materna e colocada sob responsabilidade do pai. Apesar de não ser documento de guarda definitiva, o termo oficializa a urgência da medida de proteção.

Ministério Público abriu investigação contra Rafael Nunes e Raquel Tenório

A reportagem também teve acesso à Notícia de Fato instaurada pelo MPPE, sob o título: “Maus-tratos/negligência e assédio sexual” No procedimento aparecem como investigados:

Rafael Luiz Nunes, padrasto da vítima e Raquel Dina da Silva Tenório, mãe da adolescente.
O documento registra: maus-tratos, negligência e assédio sexual. A adolescente e o pai constam como interessados. O documento confirma que o caso chegou ao MP através do Conselho Tutelar.

Genitor afirma que prioridade foi retirar a filha do ambiente de risco

Joel contou que não deu continuidade a ações cíveis ou criminais complementares porque sua preocupação era “salvar a filha imediatamente”.
Ele também afirma que a adolescente, ao longo da convivência com a mãe e o advogado, vivia situação de risco físico, emocional e psicológico.
“Hoje ela está bem, está fazendo faculdade. Minha importância foi tirar ela em tempo hábil”, disse.

A divulgação dos documentos e os relatos, reacendem questionamentos sobre perfis, vínculos e condutas de personagens que orbitam episódios de grande repercussão social.

Lado dos citados

O Correio de Notícias deixa o espaço disponível para os advogados Rafael Nunes e Raquel Tenório se posicionem em relação às informações apresentadas.

O MPPE não informou, até o momento, se a Notícia de Fato evoluiu para inquérito formal ou ação judicial. A reportagem solicitou atualização e aguarda retorno. Entramos em contato com a Secretaria de Defesa Social para obter informações sobre o inquérito, mas até o momento não tivemos resposta.

Marcus Oliveira

Marcus Oliveira

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