Casal denuncia omissão das Polícias Militar e Civil em Salgadinho(PE), em caso envolvendo descumprimento de medida protetiva e suspeita de estupro

Infidelidade conjugal teria desencadeado série de ameaças de morte, ameaças de suicídio, suposta tentativa de estupro, divulgação de imagens intimas e omissão das autoridades, segundo denúncias dos envolvidos

Um casal do município de Salgadinho, no Agreste de Pernambuco, denunciou nesta semana a suposta omissão da Polícia Militar e da Polícia Civil, diante de graves acontecimentos envolvendo descumprimento de medida protetiva e um possível caso de estupro contra uma jovem de 17 anos. O acusado em questão é Regilvan Deodato Dantas, conhecido na região como “Branquinho”.

De acordo com documentos fornecidos pelo casal, incluindo boletins de ocorrência e termo de declaração, os episódios teriam se intensificado após o que parece ter sido um triângulo amoroso mal sucedido, desencadeando uma série de situações de violência e perseguição que abalaram a vida da família.

No dia 10 de abril, Rozinete Ferreira de Lima registrou um boletim de ocorrência na Delegacia de Passira-PE, após “Branquinho” ter, supostamente, descumprido uma medida protetiva expedida pela Justiça. A Polícia Militar foi acionada no dia 09/04, no momento em que houve a quebra da medida protetiva, mas, segundo o relato da denunciante, os policiais não prenderam o acusado, mesmo diante da ordem judicial vigente. Ao contrário, teriam orientado o casal a “ir para casa”, alegando que eles próprios deveriam se afastar do agressor e evitar quebrar a protetiva, invertendo o sentido da medida protetiva, conforme relato.

Ao ser chamada para prestar esclarecimentos na Delegacia de Salgadinho sobre a quebra da medida protetiva, ouviu em um dado momento que a suposta tentativa de estupro contra a filha do casal, uma adolescente de 17 anos, que as mordidas na boca da jovem teria sido “mordidas de amor”, feitas pelo imputado. Embora com o depoimento dos pais da jovem e da jovem que relatam que havia marcas visíveis, não foi exame de corpo de delito, alegando se tratar apenas de “importunação sexual” e não de estupro, e que já teria passado o período adequado para a análise, contrariando o relato dos envolvidos.

No termo de declaração assinado pelos pais da adolescente, há menção a ameaças de morte, tentativa de sequestro e até mesmo indícios de comportamento suicida por parte do acusado, fatos que, segundo eles, foram ignorados pelas autoridades locais.

A família cobra providências das instituições responsáveis e denuncia que está vivendo dias de medo, com receio de novos episódios de violência. “Estamos sendo deixados à própria sorte. Já fizemos tudo o que é possível dentro da lei, e mesmo assim, nada acontece com ele. Agora nossa filha é a vítima, e a polícia sequer autoriza um exame. Isso é inaceitável”, disse um dos denunciantes.

A reportagem solicitou uma nota da Polícia Militar de Pernambuco, para entender o ocorrido com a quebra da medida protetiva. Veja a nota na íntegra:

“Na noite de quarta-feira (09/04), uma equipe da 6ª CIPM foi acionada pela advogada de uma mulher que possui medida protetiva contra um homem, alegando que ele estaria rondando a vítima e seu marido em um restaurante próximo ao trevo de Salgadinho. O local fica a menos de 40 metros de um estabelecimento comercial do acusado, que teria se ausentado pouco antes da chegada da viatura, segundo relato da esposa dele. Os policiais compareceram prontamente ao local, conversaram presencialmente com a vítima, que relatou comportamento intimidatório por parte do acusado, e depois seguiram até o outro estabelecimento para procurar o suspeito, onde falaram com sua esposa. A atuação da equipe foi confirmada pelo sistema de monitoramento, incluindo a distância entre os dois estabelecimentos. Este episódio se soma a uma ocorrência anterior, em (03/04), quando outro efetivo da 6ª CIPM foi acionado pela Delegacia de Passira para apurar uma denúncia de posse ilegal de arma de fogo. O acusado havia sido denunciado pela mesma vítima por ameaças com arma de fogo. Na ocasião, foi encontrada uma pistola Taurus G3, calibre 9mm, com dois carregadores e 13 munições na casa do sogro do suspeito. A arma foi apreendida e o acusado, autuado em flagrante”.

Sobre o atendimento da Delegacia de Salgadinho, a Polícia Civil de Pernambuco informa que prendeu em flagrante no dia 03/04/25, um homem de 38 anos, sem afirma que seria o “Branquinho”, por posse ilegal de arma de fogo. Disse ainda que após a realização dos procedimentos administrativos, ele ficou à disposição da Justiça. A PCPE reforçou ainda que todas as denúncias registradas em desfavor dele, seguem sob investigação para o esclarecimento total dos fatos.

Tentamos contato com o Regilvan Deodato Dantas mas não conseguimos encontrá-lo. O espaço segue aberto para posicionamento.

O caso levanta novamente o debate sobre a efetividade da rede de proteção às vítimas de violência no interior do estado e sobre a responsabilização de agentes públicos diante de possíveis omissões em situações que envolvem risco iminente à vida e à dignidade de mulheres e adolescentes.