Camaragibe: terceira cidade de Pernambuco com maior número de homicídios, prioridade da segurança pública se limita aos dias de festas
A comemoração dos 43 anos de emancipação de Camaragibe trouxe consigo um aparato de segurança digno de grandes eventos internacionais: 600 policiais militares, 30 civis, 100 guardas municipais, delegacia móvel, videomonitoramento reforçado e atuação de batalhões especializados. Um investimento significativo, que garantiu tranquilidade para quem pretende comparecer à festa. Mas a pergunta que fica é: por que essa mesma estrutura não está presente no cotidiano da cidade?
Camaragibe ocupa o terceiro lugar no triste ranking das cidades com mais de 100 mil habitantes que mais mata em Pernambuco, ficando atrás apenas do Cabo de Santo Agostinho e Vitória de Santo Antão. Os dados são do Atlas da Violência, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, vinculada ao Ministério do Planejamento.
A insegurança diária da população não é um dado novo e tampouco é uma questão sazonal. Assaltos, homicídios, tráfico e medo fazem parte da rotina de muitos moradores que, ao contrário dos dias de festa, não contam com 600 policiais à disposição nem com câmeras em cada esquina. Inclusive as autoridades de segurança de Camaragibe não conseguem resolver o grande problema da Praça do Coimbral, que hoje se transformou numa grande celeuma para quem mora em torno.
O esforço conjunto da Prefeitura e do Governo do Estado é louvável, mas também serve de prova de que, quando há vontade política e planejamento, é possível sim colocar a segurança como prioridade. Se há estrutura para proteger milhares de pessoas por alguns dias, por que não há o mesmo empenho para proteger os mesmos cidadãos nos demais dias do ano?
É hora de cobrar coerência. A população de Camaragibe não merece segurança só quando há palco montado e artistas famosos se apresentando. Ela precisa, e tem direito, de se sentir segura ao ir ao trabalho, voltar para casa, ou simplesmente caminhar em sua comunidade. A festa vai passar, mas os desafios continuarão. E com eles, a urgência de um plano de segurança pública que seja permanente, eficiente e inclusivo.
Por isso, fica o apelo aos órgãos responsáveis: que a segurança não seja apenas um espetáculo, mas um compromisso diário com a vida.
Por Marcus Paulo
