Com a narrativa de que sua decisão é “para o bem da cidade de Camaragibe”, o vereador Moisés Meu Santo (PODEMOS), anunciou nas redes sociais sua aproximação com o deputado João de Nadegi (Partido Verde), principal opositor do grupo do ex-prefeito Jorge Alexandre. O gesto, no entanto, é visto por muitos como uma traição política, abrindo uma série de questionamentos sobre o preço do apoio parlamentar no município.
No entanto, fontes próximas indicam que a estratégia do vereador é duplamente justificada. Moisés Meu Santo estaria apenas fazendo jogo duplo, o que vulgarmente chamamos de “comendo dos dois lados”.
A movimentação não surpreende quem acompanha de perto os bastidores políticos da cidade. Moisés, assim como outros vereadores eleitos e reeleitos em 2024, chegou à Câmara surfando na chapa de Jorge Alexandre, então candidato a prefeito. Estratégias como essa são comuns: partidos abrigam candidatos de olho em fortalecer chapas proporcionais, mas, após garantirem a eleição, muitos vereadores rapidamente buscam novos espaços de poder.
O problema, segundo analistas locais, é a barganha que se esconde por trás dessas mudanças de lado. Às vésperas do próximo processo eleitoral para deputado estadual e federal, alianças são costuradas com promessas que vão muito além do discurso político. A moeda de troca mais comum? Cargos no Executivo.
Aliado do atual prefeito Diego Cabral, o deputado estadual João de Nadegi sabe que a fome por espaço na máquina pública é um dos maiores atrativos para vereadores. Nomeações em secretarias e coordenações passam a ser moeda de silêncio e de fidelidade política. Pouco importa se há qualificação ou real benefício para a população: o essencial é garantir a acomodação de aliados e satisfazer as cobranças de eleitores que, muitas vezes, foram transformados em cabos eleitorais à espera da recompensa.
Nesse cenário, Moisés agradaria a gregos e troianos. De um lado, seu candidato a estadual seria João de Nadegi, do outro, Jorge Alexandre receberia seu apoio para deputado federal, o que faria o vereador ocupar dois palanques.
Nessa conjuntura, sai todo mundo ganhando e o que parecia traição, virou um acordo político, com alinhamentos estranhos e benefícios concretos, pois, segundo fontes fidedignas, no apoio também vem cargos na prefeitura.Vereador de mandato, por exemplo , recebe 15 cargos. Suplente bem votado 7 cargos. Sem falar na “ajuda de custo” pra campanha de Deputados, que em 2022 ficou em torno de 70 mil. Em 2025 talvez os benefícios ultrapassem os três dígitos.
O que para parte da população soa como traição, para alguns políticos é apenas a regra do jogo: sobrevivência em troca de cargos. Resta à cidade de Camaragibe a pergunta que ecoa nas ruas e nos bastidores: quanto vale, afinal, o apoio de um vereador?