Nesta quarta-feira, 5 de junho, o mundo celebrou o Dia Mundial do Meio Ambiente, uma data instituída pela ONU, em 1972, com o objetivo de despertar a consciência ambiental global. Em diversas partes do planeta, ações simbólicas e políticas públicas foram debatidas, reforçando a urgência de preservar o que ainda nos resta da natureza.
No entanto, em Camaragibe, cidade encravada na Região Metropolitana do Recife e detentora de uma significativa porção da Área de Proteção Ambiental (APA) Aldeia-Beberibe, o silêncio foi ensurdecedor. Com 46,69% de sua área dentro da APA, que totaliza mais de 31 mil hectares, Camaragibe deveria ser protagonista na pauta ambiental. A reserva florestal que a cidade abriga não é um detalhe geográfico: é um patrimônio ambiental de valor inestimável, parte de um sistema de proteção que envolve o Parque Estadual de Dois Irmãos, a Estação Ecológica Caetés e a Mata do Passarinho. Mas, diante de tamanho potencial, resta a pergunta: por que tamanha indiferença?
O prefeito Diego Cabral, os vereadores do município e até mesmo o Deputado João de Nadegi, ironicamente integrante do Partido Verde, passaram a semana sem qualquer manifestação pública relevante sobre o tema. Nenhuma campanha de conscientização, nenhum evento simbólico, nenhuma declaração sequer. Salvo a Brigada Ambiental, que proporcionou a um grupo de crianças da rede de educação um momento de conscientização sobre o meio ambiente. Até mesmo os professos defensores da “causa animal”, essencial para a saúde do meio ambiente, esqueceram suas pautas superficiais e se filiaram ao clube da indiferença. O silêncio institucional contrastou com o dever político e moral de liderar a população na construção de uma consciência ecológica, especialmente em tempos de emergência climática.
É contraditório perceber que os mesmos políticos que usam redes sociais e espaços públicos para enaltecer festas, inaugurações, ordens de serviço e até fatos irrelevantes para o futuro do município, preferem virar o rosto quando o assunto é meio ambiente. Por quê? Não rende curtidas? Não gera palanque? Não garante voto?
Camaragibe precisa, e merece, mais que isso. Precisamos urgentemente falar sobre educação ambiental nas escolas, reflorestamento de áreas degradadas, recuperação de nascentes, fiscalização contra ocupações irregulares, incentivo à agroecologia e ações práticas que protejam nosso verde ameaçado. A cidade não pode continuar sendo apenas uma linha no mapa de áreas protegidas: ela deve ser exemplo de cuidado e respeito pela vida em todas as suas formas.
É triste constatar que, no Dia Mundial do Meio Ambiente, Camaragibe permaneceu muda, não por falta de importância, mas por falta de vontade política. Fica o alerta: quem cala diante da destruição ambiental, contribui para ela.