Após crise no Presídio de Petrolina Raquel Lyra firma acordo com Polícia Federal para instalar Força Integrada de Combate ao Crime Organizado
- De: Marcus Oliveira
- setembro 5, 2025

A governadora Raquel Lyra (PSD) e o superintendente da Polícia Federal em Pernambuco, Antônio de Pádua, formalizaram nesta quinta-feira (4), a instalação de uma Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO) em Petrolina, no Sertão do São Francisco. O acordo foi firmado no Palácio do Campo das Princesas, no Recife, e contou com a presença da vice-governadora Priscila Krause.
A medida amplia a atuação conjunta contra o crime organizado em Pernambuco, especialmente nas regiões de divisa com a Bahia, Piauí, Ceará e Paraíba e evidencia a fragilidade das forças de segurança estaduais no combate ao crime.
A assinatura do Termo de Cooperação Técnica prevê investigações integradas, otimização de recursos e fortalecimento da cooperação entre as forças policiais.
“A FICCO é um projeto do governo federal, que se estabelece em conjunto com os estados. Aqui em Pernambuco, temos uma estrutura voltada para investigar, prender e desmantelar quadrilhas envolvidas em crimes organizados, reduzindo a criminalidade”, destacou o superintendente da PF, Antônio de Pádua.
A força-tarefa reúne Polícia Federal, Polícia Civil, Polícia Militar, Polícia Penal e Polícia Rodoviária Federal. Experiências anteriores já resultaram na desarticulação de organizações criminosas, prisões de integrantes e apreensão de bens ilícitos.
SILÊNCIO SOBRE O SISTEMA PRISIONAL
Apesar do anúncio, Raquel Lyra evitou tocar em um dos pontos mais sensíveis ligados ao crime organizado: a crise no sistema prisional pernambucano. Fontes do setor apontam que muitos comandos criminosos ainda partem de dentro das unidades prisionais, mesmo com mudanças drásticas ocorridas nos últimos meses, com a prisão de integrantes da alta cúpula da Secretaria de Administração Penitenciária.
Recentemente, a SEAP publicou uma portaria afastando, por ordem judicial, o diretor da Penitenciária Doutor Edvaldo Gomes, em Petrolina, além de cinco policiais penais investigados por suspeita de irregularidades. O caso expôs novamente a fragilidade da gestão no setor e a ausência de posturas imediatas.
A governadora tem tratado do tema com cautela e discrição, repetindo a postura adotada em crises anteriores, como a que envolveu a SEAP e a Força Nacional, com questões mal resolvidas, durante um acordo junto à Secretaria Nacional de Políticas Penitenciárias, na gestão do então ministro Flávio Dino.
O atual secretário de Administração Penitenciária, Paulo Paes, nomeado no início da atual gestão, ainda não conseguiu reduzir a tensão dentro do sistema. Apesar de defender a importância da FICCO como ferramenta estratégica para o combate ao crime no Sertão, ele não abordou as falhas internas do sistema prisional, numa crise que vem se perpetuando ao longo de muitos anos.
Nos bastidores, avalia-se que a aproximação da governadora com a Polícia Federal pode ser um movimento para nomear um gestor mais técnico e menos corporativo para o comando da SEAP. Embora venha sendo pressionada, Raquel Lyra ainda não completou a nomeação do quadro de policiais penais, o que certamente pode estar condicionada às mudanças estruturais e ampliação da rede prisional, o que minimizaria os gargalos internos.
Enquanto isso, o discurso oficial segue blindando a ineficiência do sistema penitenciário estadual, mesmo diante de denúncias e investigações que reforçam a ligação entre presídios e o fortalecimento do crime organizado em Pernambuco.