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Opinião – O Silêncio que Envergonha: A Política Pernambucana em sua Pequenez

Foi publicada no Diário Oficial desta quarta-feira (28), a Lei Complementar nº 558/25, que dispõe sobre a aposentadoria dos policiais civis, uma conquista concreta para a segurança pública de Pernambuco, fruto de muita luta da categoria policial.

No entanto, em vez de celebração, o que se viu foi um silêncio ensurdecedor vindo justamente de quem deveria se orgulhar, apoiar e amplificar essa vitória. Omissão, conveniência e mesquinhez, definem o comportamento de parte da oposição ao governo estadual diante desse marco.

Deputados como Joel da Harpa, Gleide Ângelo e Álvaro Porto, e até mesmo entidades representativas como a Associação dos Delegados de Pernambuco, optaram por ignorar a assinatura da lei. Preferiram fechar os olhos à realidade, apenas para não reconhecer um feito da atual gestão. A incoerência é gritante: lutam por melhorias, discursam pela valorização das categorias, mas quando a conquista vem, mesmo que pelas mãos de um governo ao qual fazem oposição, somem, emudecem, se escondem. E ainda querem ser reconhecidos como representantes legítimos da segurança pública.

A atitude não se restringe ao Parlamento. Parte da imprensa pernambucana também adotou o silêncio estratégico. Alguns blogs e veículos optaram por não noticiar a aprovação da lei, temendo “perder a bolacha”, expressão que denuncia o toma-lá-dá-cá de um jornalismo que se diz independente, mas que se curva ao viés político e financeiro.

A omissão de uma pauta tão relevante escancara a falência de uma imprensa que deixou de ser serviço público para se tornar ferramenta de conveniência.

Nem mesmo o SINPOL, sindicato que travou batalhas públicas intensas nos últimos anos, foi capaz de produzir mais que uma nota rasa de três linhas sobre o assunto. Cadê o carro de som? Cadê a mobilização nas redes? Onde foram parar os gritos de vitória, os vídeos comemorativos, os agradecimentos à base e às lideranças que sustentaram essa luta?

Pernambuco assiste à política de birra, à oposição por ego e conveniência. Ao invés de reconhecer o que é bom, mesmo que parta do adversário, muitos preferem o negacionismo político. Jogam contra o próprio time, desde que isso prejudique o governo. Esquecem que nesse jogo o povo é quem perde.

A política feita com honestidade exige grandeza. Exige saber perder, mas também saber reconhecer as vitórias alheias quando elas beneficiam a coletividade. A assinatura da LC 558/25 era para ser um momento de união, de reconhecimento à luta de centenas de profissionais da segurança pública. Mas preferiram o silêncio. E esse silêncio diz mais sobre eles do que qualquer discurso de palanque.

Essa é a política pernambucana, ainda míope, ainda pequena, ainda cega diante do que realmente importa. Enquanto isso, quem vibra é a base da segurança pública, que, apesar do desdém de seus próprios representantes, segue conquistando vitórias com esforço e dignidade. Lucidez é saber a hora de comemorar, mesmo que o crédito não seja seu.

Marcus Oliveira

Marcus Oliveira

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